O Governo do Distrito Federal (GDF) lançou, nesta sexta-feira (23), duas importantes iniciativas para a proteção das mulheres. O “Panorama da Violência Contra a Mulher no DF” é uma pesquisa que vai mapear o perfil sociodemográfico das vítimas de violência doméstica na capital para embasar ações e políticas públicas que garantam a vida e a segurança das mulheres. O anúncio foi feito durante a inauguração do Comitê de Proteção à Mulher do Lago Norte, espaço de acolhimento e informação, na Administração Regional da cidade.
A vice-governadora do DF, Celina Leão, enfatiza a importância de conhecer o problema, que é de toda a sociedade, para encontrar soluções eficazes que coloquem fim à violência de gênero.
“Conhecer o perfil das vítimas e dos agressores são componentes essenciais para conseguirmos combater a violência contra a mulher de forma efetiva, com elaboração de políticas públicas ainda mais assertivas com base no levantamento que será realizado. O lançamento da pesquisa, neste Agosto Lilás, é reforçado pela inauguração de mais um Comitê de Proteção à Mulher, onde elas serão acolhidas por uma equipe psicossocial preparada para ajudá-las e fazer os encaminhamentos que forem necessários, como ir à delegacia ou buscar atendimento médico”, detalha a vice-governadora.
A pesquisa, que será realizada pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPEDF), em parceria com a vice-governadoria e a Secretaria da Mulher do DF (SMDF), vai ouvir 5 mil pessoas presencialmente em todas as regiões do DF. O intuito é saber quem são as mulheres vítimas de violência, se têm filhos ou se romperam o relacionamento, por exemplo. O estudo, porém, também quer entender quem são os agressores, onde a violência acontece e como a população percebe a violência de gênero.
A secretária da Mulher, Giselle Ferreira, afirma que o estudo será um levantamento completo da violência de gênero no DF. “A gente vai fazer um raio-x, um diagnóstico da violência de gênero no DF para a gente ter uma amostra significativa e indicadores, porque eles diminuem a distância entre a ação e a política pública efetiva de apoio às mulheres na ponta”, enfatiza, ao se referir sobre o aumento da efetividade das ações do governo para proteger as mulheres.
O diretor-presidente do IPEDF, Manoel Clementino, ressalta a importância de ouvir mulheres na pesquisa. “A violência doméstica é uma coisa que precisa ser entendida na perspectiva das mulheres que sofrem a violência, mas também na perspectiva dos homens que presenciam a violência com mulheres ou até aqueles que, se tiverem vontade, podem contar sobre a violência que já praticaram de alguma forma contra as mulheres. Então, é muito importante entender as duas perspectivas do problema para ter um diagnóstico mais acurado da situação”, afirma.
“Muitas vezes, somos criticados como se estivéssemos fazendo campanha contra os homens. A resposta é sempre ‘não’. Estamos fazendo campanha contra os covardes”
Alexandre Patury, secretário-executivo de Segurança Pública
Na primeira etapa do estudo, será feita a pesquisa quantitativa, com aplicação de questionário em locais de grande fluxo, para mulheres e homens. No segundo momento, serão entrevistadas mulheres sobre situações de violência sofridas nos últimos 12 meses.
“Queremos ouvir mulheres e homens sobre como percebem a violência, onde e como acontecem a violência. Em um segundo momento, será aplicado somente às mulheres que sofreram violência, sozinhas, para terem privacidade e para que não corram o risco de viver a revitimização da violência sofrida”, detalha a diretora de Estudos e Políticas Sociais do IPEDF, Marcela Machado.
Comitê de Proteção às Mulheres
O Lago Norte é a terceira região administrativa a receber o Comitê de Proteção às Mulheres. Os primeiros foram instalados em Itapoã e Ceilândia. O principal objetivo é levar proteção e promover os direitos das mulheres em situação de violência doméstica e familiar. Lá elas contarão com um atendimento acolhedor e direcionado para quem teve direitos ameaçados ou violados. Os próximos comitês serão instalados na Estrutural, Águas Claras, Santa Maria e Sobradinho.
O administrador do Lago Norte, Marcelo Ferreira, observa a preocupação do GDF com a segurança das mulheres. “Esse é mais um legado que este governo está deixando para a nossa cidade. Então, se houver qualquer tipo de tratamento que traga sofrimento para a mulher, ela tem um lugar para ser acolhida aqui no comitê”, disse.
O secretário-executivo de Segurança Pública, Alexandre Patury, afirma que comitês e pesquisas como a lançada nesta sexta são fundamentais para a mudança de cultura. “Segurança pública é oportunidade, cultura, engajamento, pertencimento. É o povo participando efetivamente e dizendo o que quer. Muitas vezes, somos criticados como se estivéssemos fazendo campanha contra os homens. A resposta é sempre ‘não’. Estamos fazendo campanha contra os covardes”, reforça.
Autora da lei que institui a criação dos Comitês de Proteção à Mulher no Distrito Federal, a deputada distrital Jane Klebia afirma que é preciso mudar a cultura para acabar com a violência contra as mulheres.
“Não tem como a polícia estar em todos os lugares. Nós mudamos a sociedade para que o respeito se imponha de forma natural e as mulheres deixem de ser agredidas e, aí sim, toda essa política, essa campanha, esses comitês que estão sendo criados, essa política só vai fortalecer”, finaliza.
Fonte: Agencia Brasília