Estudantes do Centro de Ensino Médio (CEM) 01 do Guará retornaram nessa quinta-feira (26) de Campinas (SP) após participarem do VI Encontro Nacional das Equipes de Ajuda do Brasil para apresentarem o projeto de combate ao bullying, cyberbullying e violência nas escolas “Vem Comigo”. O CEM 01 do Guará foi a única escola pública a participar do congresso nacional realizado nos dias 25 e 26 de setembro, na Unicamp, com o tema “Gente que cuida de gente: valorizando toda a forma de ser”.
A participação do CEM 01 do Guará, mais conhecido como antigo GG (Ginásio do Guará), no encontro aconteceu com o apoio da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF), que custeou o transporte dos estudantes até Campinas.
Todas as escolas que participaram do encontro possuíam as chamadas “equipes de ajuda”. Esses grupos são equipes de apoio que reúnem jovens atuantes de forma voluntária nas escolas com ações que visam favorecer a convivência positiva entre as pessoas no ambiente escolar.
Na unidade escolar do Guará, a equipe é composta por 74 alunos, cujo lema é “acolher, escutar e ajudar”. Desse número, foram selecionados 16 para representar o grupo no congresso. Para recebê-los de volta à capital, a secretária de Educação do DF, Hélvia Paranaguá, foi ao Aeroporto Internacional de Brasília acompanhar o desembarque. No local, os alunos entregaram uma carta de agradecimento e reconhecimento à secretária, que se emocionou ao ler.
Ela destacou a importância desses jovens participarem de congressos fora de Brasília. “A oportunidade que os jovens têm de sair do Distrito Federal e participar desses encontros gera amadurecimento, crescimento e integração com outras culturas”, disse Hélvia, que ainda ressaltou a relevância do trabalho de grupos como esse. “A gente precisa cuidar um do outro, essa afetividade, esse acolhimento é muito importante”.
Troca de experiências
A coordenadora pedagógica da escola e também integrante da “equipe de ajuda” do CEM 01 do Guará, Márcia Delgado, explicou sobre a origem desse programa. “O CEM 01 foi a primeira escola pública do DF a trabalhar e entrar nesse Sistema de Apoio entre Iguais (SAI), um programa internacional, que começou com um pesquisador lá na Espanha”, contou.
Ela celebrou a oportunidade de troca de experiências. “Este momento foi muito importante para que ocorresse essa troca de saberes. Foi uma experiência inesquecível, com certeza, um momento de crescimento e evolução como ser humano para os estudantes. E é isso que nós queremos, uma educação humanizada”.
Os estudantes que participaram do congresso relataram boas experiências nas oficinas, que se dividiram entre os temas de racismo, cyberbullying, respeito à diversidade, entre outros. A aluna do CEM 01 do Guará e também integrante da equipe de ajuda Luisa de Souza falou sobre a importância da formação de grupos como esse nas escolas.
“Nós somos os olhos da equipe de ajuda, porque o professor nunca vai saber 100% o que acontece na escola, mas a gente consegue ver o que acontece de verdade, consegue interferir em casos de bullying, por exemplo, já que quando acontecem geralmente o aluno conta para um amigo, não para o professor”, explicou.
A chefe da Assessoria Especial de Cultura de Paz, Ana Beatriz Goldstein, que também fez questão de receber os estudantes no aeroporto, concorda com o pensamento da aluna. “Quando os jovens têm algum problema, eles querem conversar com os pais ou com um amigo? Com certeza com um amigo. Então quando a escola tem um projeto desse, é maravilhoso, porque os meninos fazem a escuta ativa e encaminham o caso para o orientador, diretor ou psicólogo da escola”.
Sobre o projeto
O projeto “Vem Comigo” está no CEM 01 do Guará desde 2019. A proposta surgiu com o intuito de enfrentar e combater problemas de convivência como agressões, casos de depressão e automutilação. No início, o projeto tinha oito professores, que se reuniam uma vez ao mês para estudo e planejamento de ações com os alunos. Eles realizavam sessões de conversa sobre bullying e assembleias escolares.
Já em 2023 surgiram as “equipes de ajuda” na escola, formada por estudantes e professores. Essas equipes colocaram em prática as atividades propostas, que começaram a mudar o clima e a convivência da escola, como: escuta ativa, acolhimento, murais interativos, caixinhas de S.O.S, nas quais os alunos colocam suas questões anonimamente, campanhas de conscientização e sensibilização para o combate ao bullying, cyberbullying e preconceitos às diversidades.
As equipes de ajuda trabalham tanto de forma individual, ao acolher e auxiliar estudantes que se sintam sozinhos ou excluídos, formando uma rede de apoio, mas também de forma coletiva, com atividades de interação para alunos com dificuldade de socialização.
Ações como essa estão em consonância com a Lei 13.185/2015 e a Lei 14.811/2024, que tratam do combate à violência nas escolas e propõe às mesmas organizarem em seus espaços, programas que permitam a cultura de paz e a prevenção de problemas de convivência entre os alunos.
*Com informações da Secretaria de Educação do Distrito Federal (SEEDF)
Fonte: Agencia Brasília