Quando pedimos a alguém que imagine um cientista, quais características vêm à mente? A exposição Astrofísica dos Corpos Negros propõe justamente esse debate, destacando o trabalho e a trajetória de astrofísicos negros brasileiros. A partir desta quarta-feira (13), a mostra apresenta, no Planetário de Brasília, uma nova perspectiva sobre a ciência e seus protagonistas. Além da exposição presencial, o projeto oferece uma versão virtual, lançada durante a Semana Nacional de Ciência e Tecnologia.
O secretário de Ciência, Tecnologia e Inovação, Leonardo Reisman, destaca a importância de receber essa iniciativa no Planetário, especialmente no Mês da Consciência Negra: “Despertar o interesse dos jovens pelo conhecimento científico e tecnológico e promover a inclusão são dois dos principais compromissos da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal. Nesse sentido, acreditamos que a exposição desempenhará um papel fundamental ao utilizar metodologias inovadoras para apresentar conceitos da astrofísica de forma acessível aos estudantes”.
A exposição é ilustrada pelo artista Camilo Martins e coordenada pela pesquisadora Eliade Lima e por Oscar dos Santos Borba e Liandra Ramos, da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em parceria com os pesquisadores Alan Alves Brito, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), e Rita de Cassia dos Anjos, da Universidade Federal do Paraná (UFPR). Astrofísica dos Corpos Negros ajuda a refletir sobre questões como o surgimento das estrelas e os elementos que constituem a natureza, ao mesmo tempo que lança luz sobre atravessamentos sociais que até hoje impactam os acessos à ciência e à qualidade de vida.
No passado, problemáticas da física, como a radiação de corpo negro, estavam no foco dos debates. Atualmente, a comunidade científica persegue outra questão envolvendo “corpos negros”, que se afasta do campo teórico para adentrar um outro campo, repleto de lutas, debates e conquistas sociais entre acadêmicos, movimentos sociais e diferentes setores da sociedade. Trata-se da subrepresentação de pessoas negras nas ciências, cuja superação, como no caso clássico do corpo negro do século 19, certamente provocará profundas alterações nas estruturas sociais e no desenvolvimento das ciências.
“A ideia [do projeto] surgiu a partir da leitura de um artigo do Alan Alves Brito, que é um dos astrofísicos homenageados e também colaborador da exposição. Ele tem um artigo intitulado Os Corpos Negros: Questões Étnico-raciais, de Gênero e Suas Interseções na Física e na Astronomia Brasileira, em que, além de trazer a questão do corpo negro que é vista na física do século 19, na astronomia e astrofísica, fala do racismo científico e do porquê de termos tão poucos pesquisadores e astrofísicos negros. Viemos falar sobre a astrofísica estudada por corpos negros, fazendo o trocadilho entre essa expressão para a astrofísica e física, e falando dessas pessoas que estão na universidade enfrentando as dificuldades de representar a população que é maioria, mas dentro das instituições de pesquisa é minoria, tentando trazer mais crianças e adolescentes negros para a ciência brasileira”, explica Eliade Lima.
Financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), a mostra, que tem conteúdo textual e audiovisual interativo, pretende divulgar a astrofísica entre estudantes da educação básica de escolas públicas e o público em geral, conscientizar para a desigualdade étnico-racial e de gênero no meio científico e sociedade, além de incentivar jovens cientistas a partir da trajetória e perspectiva de astrofísicos negros brasileiros.
Serviço
Astrofísica dos Corpos Negros
Data: De quarta-feira (13) a 28/12
Local: Planetário de Brasília (Eixo Monumental – ao lado do Clube do Choro e do Centro de Convenções Ulysses Guimarães)
Horário: Das 7h às 19h30 (terça a domingo)
Entrada franca.
*Com informações da Secti-DF
Fonte: Agencia Brasília