Brasília se despede de Mestre Woo, símbolo de paz e saúde integral


Brasília perdeu, neste domingo (7), uma de suas figuras mais emblemáticas. Moo Shong Woo, conhecido como Mestre Woo, morreu aos 93 anos, vítima de um infarto, deixando um legado que atravessou gerações e moldou a vida cultural e comunitária da capital.

Pioneiro do tai chi chuan no Distrito Federal, ele se tornou símbolo de serenidade, saúde integral e convivência pública, com práticas gratuitas e abertas realizadas há mais de cinco décadas.

Nascido em 1932, em Chiayi (Taiwan), Mestre Woo cresceu imerso nas tradições das artes marciais e da medicina chinesa. Arquiteto de formação e estudioso da medicina oriental, mudou-se para o Brasil em 1961 e, a partir de 1968, fixou-se em Brasília, onde construiu uma trajetória que se tornou inseparável da história da cidade.

Em 1974, iniciou práticas de tai chi chuan na entrequadra 104/105 Norte, área que mais tarde se transformaria na Praça da Harmonia Universal, reconhecida como patrimônio cultural imaterial pela Lei Distrital nº 3.951/2007. O espaço, marcado por aulas coletivas ao amanhecer, respirações profundas e convivência comunitária, tornou-se um símbolo de acolhimento e bem-estar.

Personalidades, amigos e discípulos lamentaram a perda do mestre. O deputado distrital Chico Vigilante destacou que Woo foi “uma das figuras mais importantes de Brasília”, sempre dedicado a cultivar a paz. A deputada federal Érika Kokay o lembrou como “um agente transformador e mensageiro da fraternidade”, responsável por tornar a praça um exemplo vivo de democracia e direito à cidade.

Instrutores e praticantes também prestaram homenagens. Mestre Dada Inocalla, que o conheceu em 1976, o descreveu como “um pai adotivo” e um exemplo de conduta e generosidade. A poeta Maria Maia, frequentadora da praça, ressaltou sua dedicação amorosa à coletividade e a capacidade de ensinar práticas que promovem equilíbrio físico, mental e espiritual.

Nas redes sociais, a Federação Oficial Wushu do DF afirmou que a comunidade se despede “de um verdadeiro mestre, símbolo de sabedoria e amor”. Lideranças comunitárias também expressaram gratidão e emoção diante da partida do pioneiro.

Em 2003, sua contribuição à capital foi reconhecida com o título de Cidadão Honorário de Brasília, concedido pela Câmara Legislativa. No ano passado, em entrevista, Woo afirmou sentir-se mais brasileiro do que oriental, destacando a paz e a fraternidade como valores que o aproximaram do país.

Além do tai chi, Mestre Woo ensinou línguas orientais, medicina tradicional chinesa e deixou obras como arquiteto e desenhista, carregadas de espiritualidade. Mesmo na velhice, manteve a rotina de práticas coletivas e filosofia de vida baseada em movimento, silêncio e convivência.

Seu trabalho permanece vivo por meio da Associação Being Tao (ABT) e de discípulos que, no Brasil e no exterior, seguem transmitindo seus ensinamentos. O presidente da entidade, Antonio Prates Amorim, destacou que seu exemplo “não se perderá” e que o caminho do tai chi permanece aberto para quem busca fraternidade, paz e saúde.

Brasília perde um mestre, mas mantém vivo o legado de harmonia que ele ajudou a construir.

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