O último Boletim Epidemiológico da Secretaria de Saúde (SES-DF), divulgado neste mês, indica que 42,6% dos casos de vírus da imunodeficiência humana (HIV), registrados entre 2020 e 2024 no Distrito Federal, foram detectados em pessoas de 20 a 29 anos. No caso da aids, as maiores proporções mantiveram-se nessa faixa etária, com 30% das ocorrências.
Considerando todas as faixas etárias, o mesmo período aponta mais de 3,8 mil casos do vírus e 1,1 mil de aids. Referente aos anos analisados, o documento demonstra, contudo, uma estabilidade nas ocorrências de HIV. Em relação à aids, foi verificada uma tendência de redução do coeficiente de detecção por 100 mil habitantes — de 8,5 em 2020 para 5,3 em 2024. Entre janeiro e novembro deste ano, foram mais de 700 casos de HIV e 130 de aids.
HIV x aids
A gerente de Vigilância de Infecções Sexualmente Transmissíveis e Tuberculose da SES DF, Beatriz Maciel, explica que entre a aids e o HIV há diferenças fundamentais: “O HIV é um vírus que destrói as células de defesa T (CD4/CD8), tornando a pessoa vulnerável a doenças e infecções. Nesses casos, o diagnóstico é feito somente por testes específicos.”
A infecção ocorre pelo contato com as secreções sexuais ou com o sangue de uma pessoa contaminada. É possível, ainda, que a mãe portadora do HIV transmita o vírus para o bebê durante a gestação, o parto ou a amamentação.
“Na aids, a pessoa com HIV apresenta, por meio de exame laboratorial, apresenta uma contagem de células de defesa T (CD4/CD8) abaixo de 350 por milímetro cúbico de sangue. Somado a isso, o indivíduo passa a ter um conjunto de sintomas ou enfermidades”, esclarece a gestora.
Isso significa que o indivíduo portador do HIV, quando diagnosticado cedo e acompanhado adequadamente, não irá, necessariamente, desenvolver a aids, podendo levar uma vida de qualidade. “Com o uso regular da terapia antirretroviral, é possível reduzir a carga viral até que ela se torne indetectável. Quando isso ocorre, a pessoa não adoece, não evolui para aids e, sobretudo, não transmite o vírus”, detalha Maciel.
Dezembro Vermelho
Apesar da evolução medicamentosa, a gestora reforça que ainda há muito a ser feito para combater o preconceito, principalmente neste Dezembro Vermelho, mês de luta contra a aids, HIV e outras ISTs. “É importante enfrentar o estigma e as desigualdades sociais que, até hoje, dificultam o acesso ao diagnóstico, especialmente entre populações mais vulneráveis.”
“Precisamos reforçar a informação de qualidade, quebrar barreiras e garantir que todas as pessoas tenham o cuidado que precisam, no tempo que precisam”, completa Maciel.
Prevenção
Na rede pública, é possível ter acesso gratuito a preservativos internos e externos, além de testagem rápida, por meio da Unidade Básica de Saúde (UBS). Em casos de violência sexual ou de acidentes ocupacionais, recomenda-se a Profilaxia Pós-Exposição de Risco (PEP), na qual a pessoa recebe medicamentos ou imunobiológicos para reduzir o risco da infecção – também encontrada nas UBSs.
Entre as estratégias de prevenção está, ainda, a Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) ao HIV. Nela, o indivíduo soronegativo faz uso diário de medicamentos antirretrovirais (ARV).
Nos horários em que as UBSs estiverem fechadas, o medicamento pode ser encontrado nas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e nos prontos-socorros dos hospitais públicos.
*Com informações da Secretaria de Saúde









