O Hospital da Criança de Brasília José Alencar (HCB), a Associação Brasileira de Assistência às Famílias de Crianças Portadores de Câncer e Hemopatias (Abrace) e o Instituto Ronald McDonald promoveram, no último dia 18, a segunda edição do treinamento do Programa Diagnóstico Precoce do Câncer Infantojuvenil. O objetivo é capacitar profissionais de saúde sobre sinais de alerta, protocolos de encaminhamento e estratégias de acolhimento, reforçando a importância da atuação em rede para que se tornem agentes de mudança, encurtando o tempo entre o surgimento dos primeiros sintomas e o início do tratamento especializado.
Diferentemente do câncer no adulto, o câncer infantil progride muito rápido e o tempo decorrido entre os primeiros sintomas e o acesso ao diagnóstico especializado, faz toda a diferença no prognóstico. Quanto mais precoce o diagnóstico, maiores são as chances de cura.
O treinamento reuniu mais de 280 participantes, oferecendo ferramentas essenciais e material instrutivo de apoio para identificar os sinais e sintomas do câncer em crianças e adolescentes. A ação é estratégica, uma vez que a Atenção Primária, por meio de Unidades Básicas de Saúde (UBS), é a principal porta de entrada do paciente no Sistema Único de Saúde (SUS).
“Nosso objetivo é levar aos profissionais que estejam na linha de frente do tratamento da criança conhecimento para que identifiquem os sinais e sintomas do câncer que muito se confundem com as doenças comuns da infância”
Isis Magalhães, diretora-técnica do HCB
Para a diretora técnica do HCB, Isis Magalhães, a realização desse treinamento vem ao encontro do propósito do hospital, de facilitar o acesso ao tratamento oncológico adequado às crianças e adolescentes em tempo oportuno. “Nosso objetivo é levar aos profissionais que estejam na linha de frente do tratamento da criança conhecimento para que identifiquem os sinais e sintomas do câncer que muito se confundem com as doenças comuns da infância, e aumentem o seu grau de suspeição e pensem: ‘isso pode ser câncer”, afirma a diretora.
Acesso à informação
A capacitação dos profissionais de saúde é um pilar fundamental para a equidade na saúde pública. O acesso a informações atualizadas e ao treinamento especializado permite que médicos, enfermeiros e demais profissionais da APS atuem de forma mais assertiva, especialmente em casos de doenças complexas como o câncer infantil. Para o paciente e sua família, um diagnóstico rápido pode significar a diferença entre a vida e a morte, além de um tratamento menos agressivo e com menos sequelas.
O câncer infantojuvenil, embora raro, é a principal causa de morte por doença em crianças e adolescentes. No entanto, quando diagnosticado precocemente, as chances de cura podem chegar a 80%, conforme dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca).
Diante disso, o treinamento foi construído em módulos de palestras e discussões de casos clínicos ministradas pelos profissionais do HCB, com intuito de fomentar um ambiente propício para o intercâmbio de conhecimento que, possivelmente, impactará diretamente o prognóstico de inúmeras crianças. “Chamamos atenção no curso é que os profissionais prestem atenção aos detalhes; prestem atenção à fala dos responsáveis e dos pais para que aí a gente aumente o grau de suspeição e que, também, se no primeiro momento, não consegue dar o diagnóstico, mantenha a criança sob vigilância nos periódicos para conseguirmos, dessa forma, mais diagnósticos em tempo oportuno”, explica a diretora Isis Magalhães.
A universalidade e a integralidade do SUS em destaque
O treinamento ainda destacou, entre outras coisas, dois princípios fundamentais do SUS: a universalidade e a integralidade. Ao focar nos profissionais da Atenção Primária, a iniciativa reforçou o conceito de que a saúde é um direito de todos e que o atendimento deve ser completo, desde a prevenção até o tratamento especializado.
José Antônio Feitosa, oncologista pediátrico do HCB, ministrou uma palestra sobre tumores ósseos e ressaltou a necessidade de um olhar atento e curioso por parte dos profissionais da APS. “O diagnóstico do câncer infantil exige suspeição alta, isso significa que a pessoa tem que pensar nesse diagnóstico, porque ele se confunde com doenças comuns da criança. Então, quando a gente ensina, dá essa informação desde o início da formação, por exemplo, isso se consolida melhor e a gente tem a chance de ter um profissional muito mais atento para esses sinais de alarme e caminhamentos mais precoces para o nosso hospital”, afirma o médico.
*Com informações do HCB