Projeto questiona os limites da tecnologia e propõe abordagem alternativa

As redes sociais foram tomadas nos últimos dias por versões em animação de fotografias


As redes sociais foram tomadas nos últimos dias por versões em animação de fotografias pessoais, nas quais usuários puderam ver e compartilhar como seriam caso fossem personagens do Studio Ghibli, um estúdio de animação japonês fundado em 1985. A funcionalidade foi disponibilizada gratuitamente pelo Chat GPT, ferramenta desenvolvida pela Open AI, empresa e laboratório de pesquisa para inteligência artificial situada nos Estados Unidos.

A inteligência artificial (IA) tem se consolidado como uma das tecnologias mais impactantes da atualidade, mas também gera debates sobre seus desafios e limitações. Em meio a esse cenário, um projeto da Universidade de Brasília (UnB) propõe uma abordagem inovadora para repensar a IA e explorar alternativas baseadas na interpretação humana e na colaboração.

Na parceria entre a UnB e a Universidade de Troyes, os pesquisadores franceses desenvolvem novas funcionalidades para a ferramenta TraduXio e os brasileiros testam e avaliam a aplicabilidade | Imagem: Divulgação/FAPDF

Com fomento da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal (FAPDF), o estudo envolve uma ampla colaboração entre estudantes da UnB e da Universidade de Troyes, na França. Os pesquisadores franceses desenvolvem novas funcionalidades para a ferramenta TraduXio, enquanto o grupo brasileiro testa e avalia a aplicabilidade.

A tecnologia, baseada na plataforma Hyperglosae, promove a assistência à avaliação e à decisão, distanciando-se da ideia de que a IA deva necessariamente operar por meio de previsão e automatização. Caso os testes confirmem a viabilidade para uso cotidiano, o projeto será considerado um sucesso.

“A inteligência artificial tem um enorme potencial, mas seu uso precisa ser constantemente avaliado à luz de seus impactos sociais, éticos e culturais”

Marco Antônio Costa Júnior, presidente da FAPDF

Com um olhar para o futuro, os pesquisadores esperam que os resultados da pesquisa possam influenciar a regulação da IA e inspirar novas abordagens tecnológicas em diversas áreas. “A inteligência artificial tem um enorme potencial, mas seu uso precisa ser constantemente avaliado à luz de seus impactos sociais, éticos e culturais. Esse projeto representa um passo importante na construção de abordagens mais colaborativas e inclusivas para o futuro da IA”, afirma o presidente da FAPDF, Marco Antônio Costa Júnior.

A pesquisa se baseia na análise das tecnologias de tradução, área que historicamente impulsionou o desenvolvimento da IA. Desde 2006, os pesquisadores envolvidos no projeto trabalham na ferramenta TraduXio, sistema digital colaborativo que propõe um modelo alternativo às soluções tradicionais baseadas em cálculo e previsão. “Nosso objetivo é demonstrar que a noção de conjectura pode ser entendida não como simples cálculo do provável, mas como uma interpretação refinada do plausível”, explica um dos coordenadores do estudo, Philippe Claude.

Soluções alternativas

O projeto estuda questões éticas e legais do uso da IA

O projeto se debruça sobre questões éticas e legais associadas ao uso da IA, incluindo vieses algorítmicos e questões de propriedade intelectual. De acordo com os pesquisadores, as tecnologias tradicionais frequentemente ignoram questões como direitos autorais e tornam invisível o trabalho humano. Um exemplo disso foi observado no episódio envolvendo o uso das imagens do Estúdio Ghibli, em que um dos cofundadores, Hayao Miyazaki, declarou que seria um “insulto à própria vida” uma animação feita com inteligência artificial.

A proposta do projeto é, portanto, sensibilizar formuladores de políticas e a comunidade científica sobre a existência de alternativas tecnológicas que priorizam a colaboração humana. “Tecnologia não precisa significar apenas automatização. Podemos desenvolver ferramentas que auxiliam na interpretação e na tomada de decisão, fortalecendo a inteligência coletiva”, destacou Philippe.

Direitos autorais

Sobre a questão envolvendo direitos autorais e o Estúdio Ghibli, Philippe acredita que é um dos casos em que há violação. “É preciso diferenciar várias coisas, como na constituição e formação da IA, os algoritmos são treinados sobre o web comum. Mas por ser comum, no sentido de comumente acessível, não é necessariamente do domínio público. Por exemplo, a Wikipedia é utilizada, mas a enciclopédia é protegida por uma licença. Os produtos derivados são autorizados, na condição de utilizar a mesma licença”, explica o especialista.

No caso observado, com a viralização das ilustrações, Philippe reforça a necessidade de impor restrições legais: “Quando uma IA utiliza esses dados para treinar, ela faz uma obra derivada, mas não respeita a licença. De maneira geral, as IA não respeitam os direitos autorais: daí o risco para várias profissões como dublagem, tradução, entre outras”.

*Com informações da FAPDF



Fonte: Agencia Brasília

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