Anásia Brandão, 50 anos, realizou um desejo nesta terça-feira (13): tomar banho de piscina, algo que ela não fazia há mais de dois anos. Não por coincidência, é o mesmo tempo em que ela fez o procedimento cirúrgico para permitir a eliminação intestinal por meio de uma bolsa de estomia. “Para quem tem essa condição, a gente não sabe o que é ser acolhida e não sofrer preconceito. No dia a dia é diferente. Até na família da gente tem preconceito”, conta. Ela vive em boas condições de saúde, porém, a alegria de um mergulho de piscina parecia impossível. “Tomei banho de cachoeira uma vez, mas foi praticamente escondida”, revela.
O banho de piscina, com direito a aula de hidroginástica, foi uma ação do Centro Especializado em Reabilitação (CER) II de Taguatinga, que reuniu 20 pacientes atendidos no seu ambulatório de estomias. A estomia ou ostomia é um procedimento cirúrgico que cria uma abertura artificial (estoma) no corpo para permitir a saída de fezes, urina ou gases. Essa abertura é necessária para tratamento de doenças ou quando o funcionamento do intestino ou bexiga é comprometido. A estomia pode ser temporária ou permanente.
De acordo com a supervisora da unidade, Kênia Cardoso, o foco foi promover a convivência, o protagonismo e a desestigmatização dos pacientes. “O paciente pode estar em todos os espaços e usufruir de uma piscina e de uma praia, sem que isso se torne uma limitação”, afirma.
Já convivendo com a bolsa de estomia há quatro anos, a aposentada Lúcia de Oliveira Passos, 78 anos, destaca a importância de um atendimento que vai além da parte técnica. “Esse acolhimento humano é muito importante para que a gente não se sinta excluída, não se sinta discriminada. Nós sabemos que tem alguém que cuida da gente”, relata.
A unidade conta com quatro enfermeiras, duas técnicas em enfermagem, uma nutricionista e uma psicóloga para atender os pacientes com estomias. Se necessário, outros profissionais compartilham o cuidado em situações específicas.
O CER II atende especificamente a pacientes da Região de Saúde Sudoeste, que compreende Taguatinga, Vicente Pires, Águas Claras, Arniqueira, Recanto das Emas e Samambaia. Há outros 11 ambulatórios da Secretaria de Saúde do DF que realizam atendimento em outras regiões. Atualmente, cerca de duas mil pessoas com estomias são acompanhadas.
*Com informações da Secretaria de Saúde do Distrito Federal (SES-DF)