O mercado internacional anda de olho na arte produzida em Brasília. Na última quinta-feira (7), algumas horas após a abertura da exposição Alma Nua – fé e transmutação, que apresenta trabalhos dos artistas Renato Paiva e Carlos Velasquez, no Espaço Cultural Renato Russo, uma famosa colecionadora brasileira, erradicada nos EUA adquiriu algumas obras da mostra para incluir em sua coleção privada.
“Pra nós foi uma surpresa porque ela se interessou de imediato pelos quadros, logo após um amigo enviar o catálogo e algumas fotos das telas na exposição” observa Renato Paiva. “Em se tratando de uma pessoa com renome internacional no campo das artes, crítica de arte em jornais americanos e tendo sido curadora em museus como o Metropolitan Museum of Art (MET), em Nova York, e importantes museus europeus, há um motivo de grande comemoração da nossa parte, algo que se estende também para a produção brasiliense e para a produção brasileira como um todo”, afirma o artista.
Fé e espiritualidade – A exposição Alma Nua apresenta um total de 103 obras que apresentam como temática experiências e símbolos de fé vivenciados pelos artistas ao longo dos últimos anos. As pinturas em óleo sobre tela acrílica sobre tela e um conjunto de aquarelas apresentam um contexto onde o espectador é convidado a refletir e experienciar sua própria relação com a fé e o que ela representa no cotidiano. “Por meio de uma retomada da pintura figurativa, que anda um pouco sumida das galerias de arte, procuramos abordar aspectos simbólicos não somente de algumas religiões, mas também da própria condição humana e sua fragilidade”, observa Renato que também assina a curadoria da mostra em parceria com Carlos Velasquez.
Um destaque especial da exposição está na quantidade de trabalhos inspirados nas religiões de matriz africana, em especial a umbanda e o candomblé, que tem despertado o interesse pela visitação junto às escolas públicas do Distrito Federal. “Tanto o Carlos quanto eu somos muito movidos pela beleza dos rituais, cores, texturas e histórias ligadas à ancestralidade africana. A exposição é também uma abraço em todo o Povo de Santo, suas raízes e tradições. Sem perder a liberdade de criação, nos inspiramos no axé dos orixás e das entidades da umbanda para trazer uma narrativa sobre a importância da conexão com a natureza e seus elementos diversos”, explica.
Obra interativa – outro fator que tem chamado a atenção na exposição é a quantidade de jovens interagindo e tirando fotos com a obra “Convite para meditar”. Trata-se de um tapete e uma almofada especial para meditação (um zafur), acompanhado de algumas instruções sobre como meditar da forma correta. Ao fundo, há uma grande tela com a mesma temática. “É um convite para experimentar a espiritualidade por meio dessa técnica milenar presente em várias tradições religiosas”, observa o artista.
Sobre os artistas
Renato Paiva é brasiliense e atualmente desenvolve pesquisa nas áreas de história da arte e das religiões. Nas artes plásticas explora técnicas variadas como óleo e acrílica sobre tela, carvão e o uso de materiais reutilizados. Em 2023, em parceria com Carlos Velasquez, realizou em Brasília a exposição Brasilidades – Biopóeticas de um país fragmentado, um retrato do Brasil e suas complexidades. Natural de Corumbá (MS), Carlos Velasquez é biólogo, mestre em Ecologia e Conservação e aquarelista. Sua poética é centrada na natureza, nas expressões da cultura popular e na espiritualidade afro-brasileira.
A exposição Alma Nua segue até o dia 21 de setembro e fica em cartaz de terça a domingo, incluindo feriados, das 10h às 20h. A entrada é gratuita. As obras vendidas serão enviadas para a coleção internacional logo após o término da exposição.
Serviço
Exposição Alma Nua – fé e transmutação
Data: De 7 de agosto a 21 de setembro/ 2025
Horário: terça a domingo, incluindo feriados, das 10h às 20h
Local: Espaço Cultural Renato Russo – 508 Sul – Galeria Rubem Valentim
Entrada franca
Instagram: @exposicaoalmanua
Fonte: Renato Paiva
