“Os filhotes aprendem a nadar” estreia na Galeria A Pilastra com imagens analógicas sobre corpo, memória e território


A exposição “Os filhotes aprendem a nadar” estreia no dia 21 de agosto na Galeria A Pilastra, no Guará–DF, com entrada gratuita. A mostra apresenta uma série de fotografias analógicas e uma instalação em Super 8, cruzando temas como corpo, casa, memória e pertencimento a partir da materialidade do filme e da experiência autobiográfica. O projeto tem curadoria de Elisa Freitas e Silvino Mendonça e é patrocinado pelo Fundo de Apoio à Cultura do Distrito Federal (FAC/DF).

Assinada pela fotógrafa e realizadora Ana Luiza Meneses, a exposição é dividida em três salas: duas com fotografias produzidas em 35mm e uma dedicada à instalação. Com forte presença do autorretrato e da performance, a artista investiga fragmentos de sua intimidade para evocar experiências universais de passagem, luto, amadurecimento e permanência, como sugere o próprio título, inspirado em processos de aprendizagem silenciosos e profundos.

“Fotografar em película é uma forma romântica de tentar capturar o tempo. A luz literalmente toca e desenha a matéria. Quando fotografei minha mãe e revelei o filme meses depois da morte dela, vi tudo com um impacto imenso. Mesmo sem fotômetro, as imagens estavam perfeitas. É quase espiritual o negócio”, afirma Ana.

Estética analógica como gesto político

Ana Luiza trabalha com fotografia analógica desde 2013, quando ainda havia pouco acesso a equipamentos, informação e formação técnica. Sua trajetória no cinema e no audiovisual (com curtas como “Malu e a Máquina” e “Espuma dos Dias” pela produtora Avera Filmes) dialoga diretamente com sua produção fotográfica, marcada pela estética lo-fi, pelo “faça você mesmo” e pela crítica aos espaços elitizados da arte.

“A fotografia analógica não era acessível quando comecei, e ainda hoje não é. Os equipamentos são caros, os espaços ainda muito masculinos. Eu comecei porque queria entender, depois quis compartilhar. Dei oficinas, emprestei câmeras, entrei em coletivos. Agora, meu desafio é outro: me manter criando”, diz a artista.

A exposição também marca um retorno afetivo ao Guará, região onde Ana nasceu, vive e se inspira. “Ganhei o edital na linha regionalizada e era exatamente o que queria: fazer arte na QE 40 do Guará. É um lugar que, com toda sua estética e suas contradições, molda minha identidade artística”, explica.

A Pilastra: arte independente com os pés no território

Mais do que uma galeria, A Pilastra funciona como um ecossistema de arte transdisciplinar, voltado à formação, profissionalização e inserção de artistas periféricos, dissidentes e não herdeiros no circuito cultural do DF. Comandado por mulheres e com atuação ativa no Guará, o espaço une exposições, oficinas, mentorias e ações educativas, apostando na arte como ferramenta de transformação social.

“Nos posicionamos como uma galeria-escola. Um ecossistema de arte transdisciplinar que prioriza processos colaborativos, formação crítica e curadorias que rompem com lógicas hegemônicas do circuito institucional”, explica Geovanna Belizze, produtora de comunicação da galeria.

“Ao inserir corpos dissidentes e periféricos como protagonistas das narrativas artísticas, construímos exposições, residências e ações formativas comprometidas com a diversidade, a escuta e a liberdade criativa.” Para Geovanna, a escolha da galeria como local da mostra reafirma a missão da Pilastra de valorizar trajetórias autorais enraizadas no território.

“Receber a exposição ‘Os filhotes aprendem a nadar’ reforça o papel da Pilastra como espaço de memória, afeto e reconhecimento. A proposta sensível e potente da Ana dialoga com os nossos princípios curatoriais e com o desejo de descentralizar os olhares no campo da arte contemporânea.”

A escolha da galeria como local da mostra reforça o elo entre arte e território presente em toda a exposição. “É um lugar que pulsa com quem faz arte na cidade. Estar aqui é afirmar minha identidade como artista e também como alguém que vê no Guará um segundo lar. É um território que forma, que acolhe, que inspira”, completa Ana.

Serviço

Local: Galeria A Pilastra — Polo de Modas, Guará (DF)

Vernissage: 21/08/2025

Visitação: até 25 de outubro

Horário: quartas a sábados, das 14h às 19h

Entrada gratuita

Classificação indicativa: 14 anos

 

Fonte: Ana Sanfelice
Foto: Lucas Basílio

 

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