Com apenas 6 anos, Laila Beatriz Santana já sabe e replica: “Temos que cuidar dos bichinhos, porque eles são importantes. Animal não é brinquedo, e abandonar é uma coisa muito ruim”. A pequena estuda no Centro de Ensino Fundamental 02 da Estrutural, que, perto da chegada de dezembro, recebeu — assim como todas as escolas da rede pública de ensino do Distrito Federal — a campanha Dezembro Verde, promovida pela Secretaria Extraordinária de Proteção Animal (Sepan-DF) contra os maus-tratos e o abandono de animais.
Com o objetivo de sensibilizar estudantes sobre a importância do cuidado e da guarda responsável de cães e gatos, o titular da Sepan-DF, Cristiano Cunha, participou da visita ao CEF 02 da Estrutural, em conversas lúdicas com as crianças e na distribuição de folders e cartazes educativos. O material será entregue e afixado em todas as escolas das regionais de ensino do DF ao longo do mês.
O debate na escola também reforçou que o abandono e os maus-tratos a animais são crimes ambientais previstos na Lei Federal nº 9.605/98. As penas, aplicadas especificamente a cães e gatos, foram ampliadas com a Lei nº 14.064/20 para dois a cinco anos de reclusão, multa e proibição de guarda nos casos que resultem na morte do animal. Para denunciar situações de abandono ou maus-tratos no DF, a população pode acionar a polícia pelo telefone 190, além dos canais oficiais da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), como e-mail, WhatsApp e a delegacia eletrônica.
“O abandono ocorre muito no mês de dezembro, que é um período de férias escolares, quando muitas famílias não se programam para pensar em viagens ou como o pet vai ficar. Isso gera impacto no número de cães e gatos nas ruas, que aumenta de forma considerável”, explicou o secretário. De acordo com o gestor, o objetivo da ação nas escolas é levar informação e conscientização sobre o tema. “A política de proteção animal já está na lei e recentemente endureceu as penas de crimes contra os animais. Entendemos que é por meio da educação das crianças que a gente transforma as gerações futuras e combate o abandono dos animais”, acrescentou.
Animal não é presente
Um dos pontos da campanha é recordar a responsabilidade que uma adoção exige, em meio a uma prática comum das famílias, na época do Natal, de presentear com um animal de estimação. O secretário frisa que, antes de ser consolidada, a adoção precisa ser conversada em família como um projeto familiar — e não como um presente-surpresa que possa ser descartado mais à frente.
“O animal de estimação deve ser visto como um membro da família, porque ele envelhece, precisa de cuidados veterinários, tem que ter um ambiente agradável e reservado para o descanso, brincar, passear e se alimentar. Então, existe toda uma divisão de tarefas em casa para que o animal, que é doméstico e não silvestre, viva de forma saudável. Quando eles vão para a rua, é por uma ação ou omissão dos tutores. É um comportamento danoso, tanto ao meio ambiente como para a própria sociedade”, observou.
Pequenos protetores
Durante as conversas com os alunos mais novos do CEF 02 da Estrutural, as respostas reforçaram o propósito da campanha. A ideia de que “amigo não se abandona” apareceu nas falas dos estudantes, assim como a preocupação com fome, sede, medo e a sensação de solidão de um animal deixado na rua.
O estudante Heitor Davi Brandão de Carvalho, de 5 anos, lembrou dos três cachorrinhos que tem em casa — Mel, Pequeno e Negão — quando a campanha passou pela sala de aula. “Não pode abandonar os animais, porque eles ficam com fome, podem morrer sem água e sem comida. Se não quiser, coloca para adoção, não pode maltratar eles. Isso dá até prisão”, observou. O colega Miguel de Fernandes Albuquerque, 6, contou que tem uma cachorrinha chamada Hello e logo complementou: “Não pode deixar o cachorrinho na rua, ele fica com medo. Os animais merecem ser bem cuidados”.
“O animal é uma vida, precisa ser respeitado e cuidado. Ensinamos a elas que, ao ver um bichinho sofrendo, a pessoa tem que avisar um adulto ou a escola para procurarmos as autoridades responsáveis pelo resgate desse animal. Os pequenos levam essa cultura para casa e a gente começa a trabalhar com a adoção responsável, onde a criança aprende que, se adotou um pet, precisa cuidar, e ele passa a ser um membro da família”, destacou.








